sexta-feira, 10 de abril de 2009

ANDANDO NA CHUVA

ANDANDO NA CHUVA

Celina Côrte Pinheiro

Hoje andei na chuva, com calma, sem pressa e sem guarda-chuva. Não cantei, nem dancei pelo risco de ser considerada louca. Minha loucura encontra-se nos limites da normalidade, não é muito diferente daquela que acomete a maioria das pessoas. Apesar disso, percebi os olhos arregalados de uma senhora que caminhava na praia como eu, porém munida de guarda-chuva. Olhou-me com espanto, sem perceber que eu estava feliz, completa. A chuva banhava-me a cabeça e o corpo. Era mansa e morna, diferente daquela que caia do céu na minha infância. Chuva, onde nasci, era sinônimo de frio. Minha mãe, já aos primeiros pingos, obrigava-nos às mangas compridas. Tomar chuva, nem pensar! Quanto muito soltar os barquinhos de papel nas corredeiras que se formavam nas coxias...
Hoje andei na chuva e compreendi porque aqui em Fortaleza ninguém corre quando vê a chuva. Ela ameniza o calor local e tem uma temperatura que nos aconchega. Molha, mas não nos causa arrepios. Esfria um pouco nosso corpo e lhe dá aquela temperatura gostosa com a qual sonhamos o ano inteiro. Na medida certa!
Hoje andei na chuva e me senti parte de toda essa gente que vive aqui. Assumir o jeito de ser dos habitantes locais é um bom sinal. Sinal de adaptação e de aceitação plena de outra cultura... Isto é saudável e nos faz bem!

2 comentários:

  1. Bravo celina, que bom poder acompanhar esse blog delicioso!nós é que ganhamos com sua presença virtual!
    Beijo
    Sônia Figueiró

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  2. Celina conseguiu traduzir lindamente em palavras, porque a chuva nos faz tanto bem e não corremos dela. Adorei. Qdo em RP eu via o tempo escuro prá chover e dizia:"tá bonito prá chover". E ninguém entendia. Agora vc já sabe :)
    Bjs
    Fátima Azevêdo

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